domingo, 7 de setembro de 2008












A nova Cleópatra.
Por que a descoberta da estátua da rainha Tiy, avó do famoso Tutancâmon, vai revolucionar a história do Egito antigo

Cerca de mil anos antes de Cristo existiu um Egito que estava enterrado até a semana passada. E, nesse tempo, ele foi dominado pelos ideais de uma rainha que os arqueólogos acreditam ter sido mais bonita e poderosa do que a vaidosa Cleópatra, que espalhou sua sedução pelo Mediterrâneo e causou cobiça, disputas e guerras há menos de quatro décadas da era cristã. Tanto Cleópatra quanto as famosas pirâmides foram durante décadas o símbolo mais vivo do Egito antigo. Agora, equipes de pesquisadores europeus e americanos da Universidade Johns Hopkins desenterraram peças que mudarão o rumo da história egípcia, apresentando novos personagens e costumes marcados por uma poderosa dama chamada Tiy, que reinou entre 1427 e 1379 a.C. Esse passado está no sítio arqueológico dos colossos de Menmon, ao sul do Egito. A sua varredura trouxe à luz a imponente estátua da rainha Tiy, mulher do faraó da 18ª dinastia Amenotep III, além de duas esfinges representando o casal real e dez estátuas de granito negro de Sekhmet, a divindade com cabeça de leão. “Essas novas peças mudarão totalmente a percepção que temos desse lugar”, declarou Faruq Hosni, ministro da Cultura do Egito. Mais: Hosni falou, entusiasticamente, do Grande Museu Egípcio, um colossal projeto orçado em US$ 500 milhões que está sendo construído como extensão do famoso planalto das pirâmides de Gizé – ele será aberto ao público em outubro de 2011 e dará grande destaque, justamente, à rainha Tiy. Nesse museu serão expostas 100 mil peças arqueológicas do patrimônio faraônico, e a localização das novas estátuas incentivou definitivamente o governo a mudar de fato, e o quanto antes, o antigo Museu Egípcio erguido em 1902 no Cairo. Selar a mudança de um patrimônio nacional é para poucos, e somente uma mulher como Tiy poderia estar por trás dessa revolução na história cultural do país.

Ao contrário de todas as rainhas de que se tem conhecimento na civilização egípcia, Tiy não era de linhagem real e, segundo os historiadores, a simplicidade a fez carismática e extremamente popular. De origem asiática e filha de Yuya, guerreiro que comandava carruagens de guerra, casou-se com Amenotep III quando tinha entre sete e oito anos e teve com o marido uma forte relação, sobretudo de admiração e amizade. Foi inúmeras vezes homenageada com colossais esculturas que demonstravam o seu poder dentro e fora do palácio. “Em muitas peças Tiy era representada em condições iguais às de seu esposo, e essa honraria não coube a nenhuma outra rainha egípcia”, diz Hurig Suruzian, diretora da equipe de arqueólogos. A sua influência política também era grande e ela tomava decisões por conta própria: “Tiy era uma autêntica governante na sombra.” O império de Amenotep III e Tiy foi marcado pela diplomacia, por casamentos reais e perspicácia, e ambos conquistaram o povo pelo caminho da prosperidade, com programas de construções – portos, canais e o grande templo funerário em Tebas, o maior do Egito.
Tiy, matriarca da família Amarna, morreu no ano de 1.338 antes de Cristo. Teve seis filhos que deram continuidade a sua tradição, e entre eles conta-se Akhenaton, que se tornaria um dos mais poderosos líderes daqueles tempos casando-se com Nefertiti e tendo Tutancâmon como filho – isso mesmo, o famoso e tão falado Tutancâmon era neto de Tiy. Vale observar que a família continuou adorando- a após a sua morte e carregou seu nome para séculos futuros através de novas estátuas e monumentos, como se ela sempre trouxesse força e progresso. A múmia de Tiy apresenta um cacho de cabelo castanho- avermelhado, reacendendo os encantos e mistérios dessa mulher. “Desenterramos nossa própria origem e agora iremos expô-la a céu aberto. Tenho certeza de que o mundo ficará fascinado com essa nova personagem”, diz o ministro Hosni.

Arqueólogos fazem novas descobertas em Menmon, no Egito

LUXOR, Egito, 22 Mar 2008 (AFP) - Arqueólogos europeus e egípcios anunciaram neste sábado várias descobertas que irão mudar a forma com que o sítio arqueológico dos colossos de Menmon (Luxor, sul do Egito) é visto.Os arqueólogos informaram que descobriram uma estátua gigante de 3,62 metros da rainha Tiy, mulher do faraó da 18ª dinastia Amenhotep III, que governou de 1427 a 1379 antes de Cristo, além de duas esfinges representando o casal real e dez estátuas de granito negro de Sekhmet, a divindade com cabeça de leão.O ministro da Cultura do Egito, Faruq Hosni, afirmou que a descoberta é "formidável" e que espera que as estátuas possam ser vistas pelo público dentro de um ano.Os dois colossos reais de 15 metros descobertos em escavações anteriores serão expostos também no ano que vem, a 100 metros das duas grandes estátuas que dominam o lugar e que são um dos cartões-postais mais famosos do Egito."Com a instalação dos dois novos colossos e a exposição de tudo que já descobrimos, a percepção que temos do lugar irá mudar totalmente. Vai se tornar um dos museus ao ar livre mais importantes da época dos faraós", disse à AFP Hurig Suruzian, diretora da equipe de arqueólogos.Os Colossos de Menmon são gigantescas estátuas de quartzito, de cerca de 20 metros, que seriam as guardiãs do templo funerário do faraó, que foi atingido por um terremoto no século 1 depois de Cristo. Durante os séculos, as inundações do Nilo também devastaram o local.